quarta-feira, 21 de setembro de 2011

MORANGO COM ACETO BALSÂMICO, CREME DE MASCARPONE E MANJERICÃO

Receita aprendida com a Chef Luciane Mutti, durante o curso de Cozinha Italiana no CEG.
INGREDIENTES: (para 2 pessoas)
80g de queijo mascarpone
50g de creme de leite fresco
100g de morangos
50ml de aceto balsâmico
20g de açúcar refinado
gotas de suco de limão siciliano
raspinhas finas da casca de limão siciliano (opcional)
folhinhas de manjericão
MODO DE FAZER:
1. Lave os morangos, tire os cabinhos e corte em 4 pedaços no sentido longitudinal.
2. Deixe os morangos marinando no açúcar e no aceto balsâmico.
3. Misture delicadamente o mascarpone com o creme de leite as gotas de suco do limão siciliano e as raspinhas da casca. Reserve gelado.
4. Escorra os morangos e sirva com o creme de mascarpone. Decore com as folhinhas de manjericão.
                                                             

JANTAR NO MANSO

"Essas pequenas
gentilezas
como um livro
uma flor
são as sementes
de sorrisos
que vão no escuro
brotar." (Emily Dickinson)

Convidados pelo casal de amigos, M.C. e E., fomos brincar de chef num fim de semana, estranhamente nublado e frio, mas delicioso e inesquecível.


Para começar: Bruschetta de cogumelo e Bruschetta de mussarela de bufála, tomate e manjericão
                                                                               
                                                                                                                                        
Entrada fria: Saladinha de bacalhau, lentilha, tomate e ervas
A criação da Chef Heloisa Bacellar, publicada na edição 217 da Revista Gula, é uma forma diferente e muito gostosa de servir bacalhau.
Entrada quente: Ricota com nozes e amêndoas
Nozes e amêndoas picadas misturadas com ricota, salsinha picada, azeite de oliva, sal e pimenta. Enformar, assar até dourar e servir com os buquezinhos de brocólis cozidos "al dente".                                                                                    
Prato principal: Tagliatelle com lagosta
Sobremesa: Morango com aceto balsâmico e creme de mascarpone                                                                          
Para terminar: Fudge de castanha-do-pará e Fudge de chocolate branco com damasco                                                                                   
                                                                              
                                                                      

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

DANS LA MAISON DU CHEF

                                                                                         
Toda a ciência esta aqui,
na maneira como esta mulher
dos arredores de Cantão,
ou dos campos de Alpedrinha,
rega quatro ou cinco leiras
de couves: mão certeira
com a água,
intimidade com a terra,
empenho do coração.
Assim se faz o poema. (Eugénio de Andrde)

A Chef Eliane Carvalho do Brie Restô recebeu pequeno grupo, somente mulheres, para aula/jantar. Numa noite extremamente agradável pode-se aprender os segredinhos do preparo de uma entrada fria, prato principal e sobremesa.       
Entrada fria: Terrine de lagostins com legumes

Prato principal: Taglioni com camarão, juliana de legumes, maçã verde e roquefort                                     

Sobremesa: Torta de banana com doce de leite e sorvete de creme
                                                                       
                                                                                                                                       

terça-feira, 13 de setembro de 2011

NOVA ZELÂNDIA (quinta parte)

No dia seguinte, fomos para Invercagill pela "scenic road". Depois de Dunedin, na costa oeste, a paisagem mudou completamente. Agora apenas colinas com pastagem e o mar à direita.
Em Dunedin fomos à península de Otago.  Um lugar de beleza deslumbrante, onde se pode pedalar pelas encostas dos morros avistando o mar lá embaixo. Nessa península esta a única colônia terrestre de albatrozes. Fica no outro extremo da ilha e tem um museu interessante que conta a história da região desde o descobrimento e sobre a colônia de albatrozes.
  
Na volta, parei em Dubai, para conhecer a cidade e amenizar os efeitos da viagem longa. Vale a pena, pelo excentrismo da cidade, onde tudo é artificial.    É curioso observar as famílias de indianos e iranianos, numerosas e com os mais jovens empurrando os mais velhos, hesitantes, nas intermináveis escadas rolantes dos shoppings. É interessante ver os aldeões idosos, provavelmente habitantes do deserto ou de pequenos e isolados vilarejos, levados pelos filhos para esta Disney oriental. É interessante observar como olham, de olhos arregalados, extasiados com o piso de mármore, as altas colunas de acrílico e alumínio, os dourados sempre presentes que ornamentam o interior dos saguões intermináveis e as escadas rolantes, sempre em movimento. Tudo muito novo e estranho para eles.
E óbvio, há, em maior número, os habituês de shoppings, sempre com sacolas cheias, virando o pescoço para as vitrines enquanto andam.
Não deixe de ir ao Souk, o mercado central. Há o Grande Mercado, o Mercado de Ouro e, este sim, imperdível, o Mercado de Especiarias. Onde uma fava de baunilha, úmida, cheirosa, custa um real (!), um bom pacote de lavanda, para culinária, custa menos de 5 reais. E o açafrão iraniano, o melhor que existe, é vendido em qualquer banquinha.
 E passeie de barco pelo Dubai Creek por menos de um real. É o transporte deles. Liga vários pontos da cidade. E você pode contratar o barqueiro, diretamente, para um passeio exclusivo de algumas  horas pelo equivalente a vinte reais.
Não se anda a pé em Dubai. Mesmo em janeiro, pleno inverno, o calor é de assar. Não há calçadas e as distâncias são impraticáveis, o ar é turvo, carregado de areia do deserto que circunda a cidade.
  
Hora de voltar. A empresa aérea, Emirates, faz lembrar os bons tempos da Varig, da Transbrasil, das aeromoças bonitas e simpáticas, sorridentes e atenciosas. E das poltronas com espaços embora reduzidos, dignos.
O vôo a São Paulo foi tranqüilo.  A fila de apresentação de passaporte meio tumultuada, como sempre.
Foi uma das melhores viagens que já fiz. Vale a pena. Não dá para descrever as paisagens, os sons, as cores, os sabores, a sensação de liberdade e a conjunção com a natureza que uma viagem dessas proporciona.
Há duas rotas na proa para o ano vindouro: Noruega, mar do Atlântico Norte ou Austrália, rota Munda Biddi. Vamos decidir.  Nos encontraremos depois.
                                                        

NOVA ZELÂNDIA (quarta parte)

No dia seguinte, fomos para Manapouri, a 20 km de Te Anau. Saímos cedo. O sol estava nascendo e a neblina cobria os vales.
As faldas dos montes, com capim seco que refletia o sol, emprestava uma cor dourada às colinas, que emergiam da bruma, dando um clima fantasmagórico e surrealista de mesclas de cores e tons inéditos.
Em Manapouri, tomamos o barco para atravessar o lago Te Anau indo à hidroelétrica de Manapouri.
É uma hidroelétrica submersa totalmente ecológica. A população não permitiu que se fizesse nada para atrapalhar a paisagem e o micro sistema da região, então a queda de água para gerar energia dá-se da superfície do lago até 30 metros abaixo, por tubulação submersa. Dessa hidrelétrica, toma-se um ônibus através do parque nacional. É o único ônibus do parque.
A viagem é breve, mas inesquecível, passando pela floresta virgem, vales e montanhas altas riscadas por cachoeiras brancas que quebram a monotonia do verde.
Passamos pela trilha, Milford Track, a mais famosa da Nova Zelândia e bastante citada em todos os livros e manuais de trilhas. Chegamos ao barco. Éramos dezessete turistas e dois tripulantes. O capitão, Mike, permitiu que eu pilotasse o barco por algum tempo.
Impressionante como o leme é sensível apesar do tamanho da embarcação. O imediato fazia de tudo. A faxina, organização do café da manhã, cozinhava o almoço, lavava louça e arrumava tudo, e para minha surpresa, era biólogo com conhecimento impressionante de geologia, história e do micro sistema da região.
Discorria também sem embaraço, sobre clima, formação geológica e história de qualquer parte do planeta. Ficava exultante em mostrar a diferença entre as características de cada árvore, samambaia e inseto. Aprendi a diferenciar sinais de avalanche de árvores, mais comuns, da avalanche de terremotos.
   







Fiquei amigo do Neville e Hertha,um casal de australianos, de Perth, professores aposentados. Neville era um sujeito muito curioso, como eu, e nos demos muito bem com o biólogo. Fizemos o passeio todo aprendendo sobre a salinidade da água, peixes, vegetação, formações  rochosas, clima e a história do capitão Cook, primeiro a navegar na região e por não ter entrado no fiorde (sound) com medo de não ter vento para retornar, acabou cunhando o seu nome: Doubtful Sound.
O passeio dura o dia todo. Chega-se de volta em Te Anau à noite. Naquela noite, próximo ao albergue, teve um show de música ao vivo para comemorar a passagem do ano novo. Após o jantar, sentamos na grama próximo ao palco. Diferentemente dos locais de show de música ao vivo, geralmente impraticáveis, ficamos muito à vontade ali. A banda tocava principalmente Beatles, Simon&Garfunkel e havia duplas de policiais andando o tempo todo pelo parque, para garantir nossa tranquilidade. Bebidas alcoólicas eram proibidas.
Na passagem do ano teve um show pirotécnico grandioso.
Fomos embora antes de terminar o show, por causa do frio, infelizmente.
No dia seguinte fomos fazer o trekking pelo Milford Sound. Logo cedo fomos de van até o lago Te Anau, onde o catamarã nos levou até o ponto de partida da trilha, éramos um grupo de sete turistas e um guia chamado Hunter.

                                           
  Para entrar na trilha, ao sair do barco, foi necessário lavar os sapatos com líquidos germicidas, para evitar contaminação do parque com bactérias, sementes e fungos de outras regiões. O guia nos forneceu capa de chuva dizendo que chovia muito ali. E realmente precisamos usar a capa por algum tempo. A caminhada pela trilha de 11 km aproximadamente, durou 9h, com direito ao almoço no acampamento permanente no meio das montanhas.
A caminhada não foi fácil. Os outros turistas eram dois rapazes e duas garotas russos e um australiano. As moças mais baixas tinham minha altura 1,80 m. E todos sem exceção, tinham uns passos muito longos e muito rápidos.
Falei para o Hunter que da próxima vez iria com um grupo de japoneses, que dão passos mais curtos. O Hunter tinha que nos esperar o tempo todo deixando os russos e os australianos caminhando lá na frente. Alguns trechos da trilha eram muito estreitos obrigando-nos a nos esquivar dos galhos, pular árvores caídas, passar por debaixo dos troncos.
O Hunter era arqueólogo aposentado, tinha 69 anos, era alto, mais de 1,90 m, magro, com muita vitalidade e muito simpático. Fazíamos piada o tempo todo, ficamos amigos.
                                                                                          
A subida íngreme era em solo argiloso, de raízes expostas, obrigando a colocar os pés entre as raízes, com o risco de fraturar a perna, caso enroscasse o pé e caísse.
Teve um trecho que tínhamos que caminhar pelo leito de um rio seco, pisando nas pedras pontudas, lisas. E olhando esbaforidos, os quatros russos e o australiano saltitantes lá na frente. Não dava pra parar, descansar, tomar fôlego. Não foi fácil. Foi uma surpresa muito agradável, quando no retorno após despedimo-nos dos russos, o Hunter convidar-nos para jantarmos com ele. Experimentaríamos "kiwi barbecue" como ele disse, era aniversário de uma amiga e sua esposa preparou o churrasco. Aceitei com muito prazer.
É bom conhecer pessoas de outros países, de outro continente, em sua intimidade, seu ambiente familiar.
Hunter perguntou se eu comia muito. Eu disse que sim, então passamos no supermercado para um reforço. Comprei costeleta de cordeiro para variar, e vinhos. Fiz questão de pagar embora ele insistisse que não.
Chegamos a uma casa simples, pequena, invisível da rua, cercada de plantas. O quintal era muito grande e comprido, com plantações de todos os tipos, era uma grande horta. Comemos saladas com folhas, legumes e feijões da horta e também batatas assadas do quintal.
A Frana, aniversariante, completava 70 anos, era uma mulher forte, nem gorda nem magra, rosto quadrado, olhar franco e alegre, sorriso largo.  Foi nos mostrar a horta como se apresentasse um filho virtuoso. Sorridente, feliz, orgulhosa, tinha até uma “wormfarm”, criação de minhocas, para usar o húmus como fertilizante. Havia mais um casal, Wakelin e a esposa, Elizabeth, era diretora de uma escola.
O marido da Frana, Mark, era um sujeito atarracado, forte, queimado de sol, rosto largo e cabelos brancos e curtos, espigados e usava um brinco de argola, discreto, na orelha direita. Aparentava menos idade que a esposa, a Frana, e falava alto e despachadamente, parecia um marinheiro, ou um estivador,  na aparência e nos modos.
Ele havia sido caçador profissional. Matava veados para o governo. Os veados haviam sido trazidos no início do século passado para servirem de alimento, como carne de caça, que eles chamam de “venison”, muito apreciada lá. Mas os animais saíram dos limites da criação e espalharam-se pelas planícies com alimento abundante e sem predadores naturais. Sua população cresceu a ponto de competir, nas pastagens, com as ovelhas e era necessário um controle. O governo pagava um bom valor a cada animal abatido.
Perguntou-me se eu caçava no Brasil. Disse-lhe que sim, quando era adolescente. Caçava pombas e algumas vezes pacas e veados. Perguntou-me a arma. Disse-lhe que era uma carabina Remington, semi automática, calibre .22RL. Ele riu, debochando:     – Uma .22? Há, Há. Com isso você tem que encostar na caça. Tem que atirar a no máximo 50m de distância.
Ele usava um rifle Ruger .300 e atirava a 300 m de distância. Disse que a .22 quando acerta não derruba e o animal vai morrer longe de você. Concordei. Esse era o lado cruel de caçar com uma arma de calibre tão pequeno. Mas disse-lhe que nas poucas vezes em que cacei esses animais, atirava na cabeça ou na paleta e se não tivesse certeza de que fosse acertar, não atiraria.
Durante o jantar, o Hunter falou pouco, parecia cansado. Mas estava ansioso para contar ao amigo Mark uma história que se passou conosco durante a trilha.
Tivemos que atravessar um rio largo numa ponte muito estreita, de passagem individual, daquelas que balançam assustadoramente, como a ponte Capilano, do Indiana Jones ( essa ponte existe mesmo, em um parque em Vancouver Norte. Leva o nome de um chefe índio que habitava o local).
Era para conhecer um tipo diferente de vegetação da Ilha. O Hunter tinha profundo conhecimento de botânica também e era capaz de parar ao lado de um arbusto, uma árvore ou uma samambaia e ficar longos minutos falando das características da planta, de como evoluiu e mudou através dos períodos na Terra e das razões da mudança, numa aula extremante clara de darwinismo.
Deixamos as mochilas no chão porque voltaríamos ao mesmo lugar em uma ou 2 horas. Nossa mochila estava leve, com roupas de frio, água, repelente de insetos, filtro solar e equipamento fotográfico. Não era pesada e a Dely fazia questão de carregar. A mochila era dela e ela sempre a levava nas suas viagens.
Na volta, quando cada um foi pegar suas mochilas, os rapazes russos carregavam as mochilas do casal e a Dely carregava a nossa (a dela). O Hunter disse: - Almir, no Brasil quem carrega a mochila são as mulheres? Respondi que a mochila era dela, que eu não tinha mochila. Todos riram.
Então contei a história do índio que todos os dias passava na vila montado a cavalo e sua esposa ia atrás, carregando nas costas um pesado fardo. Depois de alguns dias, vendo a cena se repetir, um homem perguntou ao índio por que ele andava a cavalo, sem carregar nada e a mulher, carregada, ia a pé?
- Porque ela não tem cavalo, o índio respondeu. O Hunter gostou muito da história e a contou ao Mark logo após nos ter apresentado. O Mark disse que ia adotar a tática. Mas pela cara da Frana, não.
O tempo passou muito rápido na companhia deles e foi com certo pesar que me despedi. Tiramos algumas fotos juntos e fomos embora.
Ao nos despedimos-nos já noite, a Frana disse-nos que se tivesse qualquer problema, entrasse em contato com ela e deu-nos o seu cartão, Mayor Frana Cardno. Ela era prefeita da ilha Sul. Ficamos supresos.  Simples, nada excêntrica, não era rica. Mas bem humorada, inteligente, culta, ativa. Como deveriam ser os prefeitos.